Desde 2012, a Globo e a RedeTV! estão disputando na justiça por causa da personagem Valéria Vasques, originalmente interpretada pelo humorista Rodrigo Sant’Anna no Zorra Total. A Globo acusou a emissora por plágio e concorrência desleal e na semana passada, o processo chegou ao Tribunal Superior de Justiça (STJ).
Em primeira instância, a RedeTV! foi condenada a indenizar a Globo e o ator Rodrigo Sant’Anna em R$ 700 mil por ter feito uma imitação de Valéria na cobertura do Carnaval de 2012. O titular da 3ª Vara Empresarial do Rio considerou que a RedeTV! plagiou o humorístico com um personagem semelhante ao de Sant’Anna.
O ator Tiago Barnabé usou a mesma caracterização da personagem, sendo chamado de Vandete, ao invés de Valéria. “Dentro de um cenário precário, imitando um ônibus, Vandete entrevistou modelos e subcelebridades, com perguntas absurdas e comentários sem sentido”, observou o jornalista Mauricio Stycer, do UOL.
De acordo com o jornalista Daniel Castro, a RedeTV! argumentou que fez uma paródia de Valéria, não uma cópia, e que existem “pontos distintos entre os personagens”, como “estatura dos autores, pesos, perucas, voz e, principalmente, o contexto”. O do caso, juiz Gaspar, não aceitou o argumento.
“Não há que se falar em paródia, pois esta é um processo de intertextualização, com a finalidade de desconstruir ou reconstruir um texto. A paródia surge a partir de uma nova interpretação, da recriação de uma obra já existente e, em geral, consagrada. Seu objetivo é adaptar a obra original a um novo contexto”, explicou.
Ele ainda concluiu que a personagem da RedeTV! “encontrava-se no interior de um coletivo, enquanto a Valéria, no interior de um trem do metrô”. E sentenciou: “Não resta dúvida de que os cenários são semelhantes, perfeitamente capazes de induzir a erro aquele que estivesse assistindo ao programa da ré [RedeTV!]”.
A RedeTV! ainda entrou com outros recursos no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, mas em julho, o órgão publicou que manteve a sentença do juiz Gaspar. A emissora paulista segue recorrendo e o caso deve tramitar mais alguns anos no STJ, em uma nova guerra de recursos jurídicos.
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