Foram 41 anos de trabalho, ininterruptos, desde que Lúcia Alves estreou na TV, aos 22 anos. Por aí, já dá para ter uma ideia da idade da atriz, que prefere dizer, quando questionada, que a idade limita o ator: “Se digo quantos anos eu tenho, fico limitada a alguns trabalhos. Ator tem faixa etária”, explica. Na atual, a atriz carioca está de férias pela primeira vez da TV. Um descanso que já dura três anos (sua última novela foi “Uma rosa com amor”, do SBT), e que ela está louca para interromper. “Trabalhar é muito bom e faz falta. Acontece que, com a idade, você tem menos papéis. Atrizes do mundo inteiro reclamam disso. Faltam papéis para atrizes da minha idade”, queixa-se ela, que traz no seu vasto currículo, 42 novelas e minisséries, muitos filmes e peças teatrais.
O desejo da atriz coincide com a reprise de alguns de seus sucessos, “Anos dourados”, “Barriga de aluguel” e as minisséries “Malu mulher” e “Mulher”, que estão ou estiveram no ar no canal Viva. À espera de um contrato com a TV, Lúcia Alves aproveita para curtir a boa vida de seu aconchegante apartamento em Ipanema, viajar e se dedicar à leitura. “Não tenho mais filhos para criar, nem contas absurdas para pagar, mas ganhar seu dinheirinho é sempre muito bom, né?”, diz ela, que divide as despesas da casa com a única filha, a gerente de marketing de um shopping carioca, Renata, de 36 anos.
Solteira, há seis anos, Lúcia tem ainda a companhia de uma funcionária que cuida da casa, e da cadela poodle Bela, a quem chama de filha. “Sou muito feliz com a vida que tenho. Sou uma pessoa saudável (ela malha religiosamente todos os dias). E não fico planejando o futuro. Os autores sabem que eu quero trabalhar e estou aguardando convites. Mas se isso não acontecer, seguirei com a minha vida. Não sou de ficar pedindo emprego aos amigos. Acho isso uma invasão”.
Fonoaudióloga por formação e pós-graduada em Assessoria de imprensa, Lúcia também já pintou e comercializou quadros próprios (como esse aí na foto tirada na sala da sua casa) e escreveu um livro, ainda não publicado, com o título de “Ataque bipolar”. “Já quis ser aeromoça e professora, mas nunca planejei nada, as coisas sempre foram acontecendo. Sou realizada por só ter feito grandes trabalhos na TV. Mas falta agora um próximo personagem para essa felicidade ser completa”, deseja.,
Filhas de professores, Lúcia Alves nasceu na Tijuca, Zona Norte do Rio, e ingressou no meio artístico aos 16 anos, após um convite do seu vizinho, do ator e diretor Paulo Porto, para o filme “Um ramo para Luisa (1965)”. “Ator não tira férias”, explica ela, que não parou para respirar nem quando ficou grávida. “Tive que esconder a barriga durante uma novela e já sai da maternidade trabalhando. Emendei uma novela na outra, sem parar.
Naquela época não existia a facilidade que tem hoje. Para gravarmos no nordeste, não tinha essa coisa de fazer as filmagens daqui, não. Tínhamos que ir lá, passar dias viajando. Era uma vida insana, de 19, 20 horas gravando, mas eu sempre fui muito profissional, e sempre amei isso”.
Apesar da vida agitada, Lúcia conta que nunca esteve ausente da criação da filha e que contou com a ajuda do marido na criação da menina. Com passagens por todas as emissoras de TV abertas do país, Lúcia se envolveu recentemente num projeto de web série e de um comercial. “As pessoas têm a mania de achar que só porque não estou no ar, não estou trabalhando, ou estou na pior. Não tem nada a ver”.
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