CENA DE 'DONA XEPA', DA RECORD (FOTO: DIVULGAÇÃO/RECORD)
“Dona Xepa” representa um esforço genuíno da Record em fazer uma novela correta. A emissora comprou os direitos de uma história consagrada, que já foi adaptada com sucesso pela Globo, e escalou Ângela Leal, uma atriz experiente, para o principal papel. A direção-geral está a cargo de Ivan Zettel, também dono de um currículo comprido de bons serviços prestados à TV. O elenco é irregular, mas há alguns talentos. Claramente, não houve qualquer intenção de inovar, apenas de seguir uma velha cartilha.
Conseguiram. Há pouco mais de uma semana no ar, a novela já mostrou que é uma colagem de velhos elementos da teledramaturgia. Não possui qualquer sombra de frescor. Enquanto o gênero busca se reinventar — com tramas originais como foi “Cheias de charme”, com suas cenas mais curtas e a sacada da expansão via a internet —, aqui é tudo diferente. Ou melhor, tudo igual àquilo que já estava em extinção.
A própria protagonista, Dona Xepa, é de uma ingenuidade como já não se vê. Com isso, a credibilidade escapa. Anteontem, foram várias as cenas em que ela apareceu tentando vender um anel a um ourives (que pronunciava “ourivere”, outra piada surrada). A tentativa de suspense naufragou. Outra sequência interminável do capítulo foi dedicada às queixas de Dafne (Robertha Porthella) quando Robério (Alexandre Barillari) jogou num balde com água o videozinho dela dançando. Finalmente, Luiza Tomé está desperdiçada como uma socialite afetada, supostamente cômica.
Num momento em que o gênero procura a reinvenção — evitando as barrigas, por exemplo — “Dona Xepa” é um passo para trás. Não se fazem mais novelas como antigamente. E a frase não é saudosista.
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