WALCYR CARRASCO, AUTOR DE 'AMOR À VIDA' (FOTO: TV GLOBO)
Autor de "Amor à vida", Walcyr Carrasco pretende tirar férias de um ano agora. Antes, vai conferir os últimos capítulos no ar. No Rio - ele mora em São Paulo - até o fim da semana, ele preferiu não visitar o estúdio nem acompanhar gravações finais:
- Um grande evento desta semana será o casamento de Paloma e Bruno. Eu queria ter escrito falas maiores para os atores, mas infelizmente não há como dar esse espaço para cada um. O texto inicialmente tinha 15 páginas, mas tive que ir cortando e cortando...
Não foi apenas o tamanho das cenas que ele precisou aparar. Walcyr acredita que passeou por muitos temas, o que foi um mérito, mas trabalhou dentro dos limites inevitáveis:
- Tratei de violência contra a mulher, de transplante de órgãos, de barriga solidária, de muitos assuntos sérios e importantes. Acho que consegui tocar o coração do público, mas não há como ir fundo, é uma novela e o horário também impõe restrições. Por exemplo, o autismo é um tema amplo, um guarda-chuva. Peguei um caminho que escolhi, o da esperança.
Na hora de citar o trabalho dos atores, ele não poupa elogios gerais. Mas se demora na lista de qualidades que atribui a Mateus Solano:
- Foi um prazer trabalhar para ele. Se o Mateus falou três cacos a novela inteira foi muito. Ele respeitou o texto. E fez bem demais o papel. O grande ator da televisão brasileira naquela faixa etária é ele.
O autor diz que a dedicação de Solano o motivou muito na hora de criar:
- Imaginei inicialmente que "salguei a santa ceia" seria "o" bordão do personagem. Mas depois vi que ficou cansativo e passei a inventar outras frases.
Sobre o desfecho romântico de Félix e Niko (Thiago Fragoso), ele diz que é resultado da força da voz popular:
- Sou um sujeito que acredito na redenção. Quando senti que o público estava amando e perdoando o Félix, aproximei o personagem daquele que foi bom desde o primeiro capítulo, Niko. O mau e o bom resultaram numa química inesperada! Aliás, esse também foi um destaque da novela. O público comprou a "gravidez" do Niko. Acho que o Niko foi a heroína dessa novela. Quando percebi isso, liguei por Thiago para comentar.
O fato de César (Antonio Fagundes) e Félix se reconciliarem nos momentos finais também é um ponto que Walcyr destaca:
- Acho bonito isso e é muito comum. Em muitas famílias, pessoas que se odeiam acabam cuidando umas das outras. Minha mãe cuidou da sogra, minha avó, com quem brigou a vida inteira, por seis anos, até ela morrer, "caduca", como se dizia na época. E fiquei muito feliz com o Fagundes nesse papel. E pensar que o personagem dele morreria no capítulo 80. Teria sido ruim. Ele é um grande ator, assim como Elizabeth Savala, que é uma estrela e explodiu.
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