segunda-feira, 26 de maio de 2014

‘Segunda dama’ é bem realizada, mas roteiro não convence

Heloísa Périssé em cena de Segunda dama (Foto: João Miguel Junior)HELOÍSA PÉRISSÉ EM CENA DE SEGUNDA DAMA (FOTO: JOÃO MIGUEL JUNIOR)
“Segunda dama” parte de uma premissa velha conhecida dos telespectadores: duas gêmeas com existências bem diversas decidem trocar de lugar. Afastadas há muitos anos, elas são opostas em muitos aspectos, mas, mais importante de todos eles aqui, uma é rica, a outra, pobre. Essa inversão inicial serve de pretexto para o jogo de deslocamentos mais amplo que puxa a trama.
O público já viu essa situação seja como blague, seja como drama. Ela é uma excelente oportunidade para um ator. Antes de a TV ser capaz de uma tecnologia que facilitou esse efeito, novelas tiveram uma pessoa fazendo duas. Gloria Pires, uma das estrelas da teledramaturgia graças a tantos bons personagens, é sempre lembrada por Ruth e Raquel, a boa e a má de “Mulheres de areia”. Murilo Benício foi dois personagens em “O clone”; Alessandra Negrini, idem, em “Paraíso tropical”.
Quem acompanha Heloísa Périssé sabe de sua versatilidade. Basta lembrar um de seus mais conhecidos tipos, a adolescente Tati. Quem a viu se transformar numa garota de 13, 14 anos, não duvida das nuances de que ela é capaz. Portanto, “A segunda dama” serve para a atriz experimentar possibilidades e reafirmar outras. Heloísa construiu bem tanto a rica quanto a pobre.
A realização (direção-geral de Carlos Araújo) é competente, o elenco secundário, bom (Dan Stulbach e Elizângela, principalmente), há participações especiais charmosas (como a de Hélio de la Peña, no segundo episódio), os figurinos atendem às necessidades de composição da atriz e por aí vai. O ponto fraco, porém, está no principal. A comédia criada por Heloísa Périssé com Isabel Muniz e Paula Amaral não tem um enredo convincente. As duas trocam de lugar, mas ambas ficam infelizes. Ainda assim, seguem presas a um acordo motivado por algo que não fica claro para o público. Com isso, a história, pelo menos até aqui, parece absurda.

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