O amor aparece em segundo plano no folhetim
O amor parece mesmo renegado ao nome da trama das nove. Claro, o sentimento corre na veia de alguns personagens de “Amor à Vida”, mas eles são apenas exceções. A grande maioria se presta a outro trabalho, preenchendo um vocabulário nebuloso, em que mentira, chantagem e traição se complementam. Para Mauro Alencar, doutor em teledramaturgia brasileira pela Universidade de São Paulo (USP), ele sobrevive e está desenhado, por exemplo, no trio Paloma (Paolla Oliveira), Bruno (Malvino Salvador) e Paulinha (Klara Castanho).
— Por baixo de toda essa camada de preconceito, egoísmo, sadismo, ganância e interesses puramente materiais, devemos encontrar o amor. Pois o amor é trabalhoso e, certamente, amar a vida ou o amor à vida é um dos sentimentos mais difíceis e complexos da humanidade; requer esforço físico, mental, intelectual e, sobretudo, afetivo: Paloma, Bruno e Paulinha, por mais contraditórios que sejam, aí estão. Portanto, o amor à vida só poderá existir confrontando-se, superando-se todos os comportamentos descritos — teoriza Alencar.
Os vários contrários do amor, no entanto, desdobram-se na novela (dez exemplos estão espalhados pela página), levando em conta que o vilão Félix (Mateus Solano) é hors concours. Ora passionais (como a Edith de Bárbara Paz), ora frias (a Aline interpretada por Vanessa Giácomo), as mulheres se destacam nessa lista, assumindo para si a manutenção do desamor. Um dos casos mais notáveis, em seu pior aspecto possível, é o de Leila (Fernanda Machado):
— Eu acho que o que move essa maldade toda da Leila é uma grande frustração que existe dentro dela, ela se sente invisível, preterida, injustiçada pela vida, acha que não tem a atenção e o amor que merece dos outros, é uma pessoa mal resolvida. E com certeza o que ela mais ama é o dinheiro e o poder — sustenta Fernanda.
Não é amor, é falta de caráter: Com ajuda de seu namorado Thales (Ricardo Tozzi), Leila (Fernanda Machado) arquitetou um plano para dar um golpe do baú em Nicole (Marina Ruy Barbosa), que descobriu ter câncer. Não bastasse, a vilã quer repetir a dose: nos próximos capítulos, irá pedir que o escritor seduza Natasha (Sophia Abrahão), meia-irmã da ruiva morta.
Inconsequência: Ninho (Juliano Cazarré) sequestrou Paulinha para se aproximar de Paloma. Ao voltar dos EUA, ele começa a querer conquistar a filha, mas faz a cabeça dela contra Bruno, seu desafeto. E ainda estimula a menina à rebeldia.
Sem-vergonhice: Ao descobrir que estava com câncer de mama, Silvia (Carol Castro) convenceu Patrícia (Maria Casadevall) a não se encontrar mais com Michel (Caio Castro). Mas a advogada não ficou satisfeita e passou a ter um caso com Guto (Marcio Garcia), marido da rival.
Vingança: Com o objetivo claro de vingar a morte da mãe, Aline se infiltrou no hospital San Magno, seduziu César (Antonio Fagundes) e, nos próximos capítulos, vai casar com o médico. Antes de se tornar a nova senhora Khoury, conseguirá uma procuração em seu nome. Como parte da vingança, vale ainda dar em cima de Bruno para afastar César de Paloma.
Deslealdade: Amarilys (Danielle Winits) se mostrou uma verdadeira amiga da onça: transou com Eron (Marcello Antony), companheiro do amigo Niko (Thiago Fragoso). Enganou o casal ao doar o próprio óvulo para a inseminação. Nos próximos capítulos, ela vai se revelar ainda pior ao maltratar Jayminho (Kaiky Gonzaga).
Ganância: Edith engana Félix (Mateus Solano) sobre a paternidade de Jonathan (Thalles Cabral), que é, na verdade, filho de César (Antônio Fagundes). A estilista também não perde tempo e chantageia o médico para conseguir dinheiro.
Oportunismo: Com pose de bom moço, Luciano (Lucas Romano) persuade Joana (Bel Kutner), a quem menospreza, e faz a enfermeira pagar toda a sua formatura. O jovem também fez com que ela pagasse as mensalidades atrasadas da faculdade e não se incomodou quando ela lhe presenteou com um terno para a festa.
Ambição: Jacques (Julio Rocha) alimentou o desejo de Félix. Mas quando o vilão se esquivou do flerte, viu em Pilar (Susana Vieira) um novo alvo. Tanto que passa a se dedicar integralmente à perua. O que ele quer? Ser chefe do corpo médico do San Magno.
Preconceito: Neide (Sandra Corveloni) não aceita os romances dos filhos. A gordinha Perséfone (Fabiana Karla) sofreu ao se casar com Daniel (Rodrigo Andrade). Rafael (Rainer Cadete) passa pelo mesmo problema sempre que se aproxima de Linda (Bruna Linzmeyer).
Gula: Na onda da vida idealizada por sua mãe, Márcia (Elizabeth Savalla), Valdirene (Tatá Werneck) não se cansa de enrolar Ignácio (Carlos Machado) para aproveitar o luxo que ele proporciona. Comer bem e fartamente são prioridades.
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