quinta-feira, 15 de novembro de 2012

CRÍTICA: 'Salve Jorge' e as semelhanças com 'O clone', 'América' etc



Ninguém pode negar que Gloria Perez sabe tudo de telenovelas. Ex-colaboradora de Janete Clair, ela é vista por muitos como sua herdeira. Seu extenso currículo de grandes êxitos prova essa tese. No entanto, mesmo aqueles que alcançam o topo de suas profissões têm seus tropeços. “Salve Jorge”, até aqui, ameaça ser um exemplo disso. Com quase um mês da novela no ar, é impossível não ver nela um quê de repetição. Não se trata de algo intrínseco ao estilo da autora, uma espécie de assinatura. Mas de algo que beira mesmo a duplicação de produções já vistas.
Quem tem vivas na memória “O clone”, “América” e “Caminho das Índias” entende o que estou falando. Em todas elas há uma história que se passa parte no exterior e parte no Brasil, com alguma questão social entrelaçando o enredo. Em “O clone”, eram os costumes árabes e muçulmanos, a clonagem — que se perdeu no meio do caminho — e a dependência química. Em “América”, era a comunidade latina (hispânica e brasileira) tentando fazer a vida em Miami. A novela mostrava o drama dos deficientes visuais e a luta de uma mulher que sofria de cleptomania. Em “Caminho das Índias”, vimos o exotismo do hinduísmo e o drama de quem sofre de esquizofrenia.
Agora, em “Salve Jorge”, não é diferente. Temos a Turquia, a luta de uma comunidade pobre para prosperar e a denúncia do tráfico de seres humanos. Com uma agravante: a Turquia não é árabe, mas é muçulmana, o que faz lembrar “O clone”. Para o telespectador, o som dos idiomas hindi, árabe e turco, que claro são díspares, soam parecidos, especialmente quando a autora tenta popularizar expressões linguísticas dessas culturas.
Como há atores que participaram das novelas anteriores, essa “sensação de vale a pena ver de novo” se acentua. É evidente que as histórias são diferentes, mas o desafio de Gloria Perez agora é fazer com que elas não apenas sejam diferentes, mas pareçam ser diferentes. Pelo seu talento, ela tem tudo para conseguir.

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