quinta-feira, 22 de novembro de 2012

CRÍTICA: Divórcio em 1910 deixa público de 'Lado a lado' intrigado




No capítulo de anteontem de “Lado a lado”, Constância (Patrícia Pillar) voltou a mencionar, duas ou três vezes, a palavra divórcio. O termo também entrou no diálogo entre Carlos Guerra (Emílio de Mello) e Edgar (Thiago Fragoso). O dilema amoroso dos personagens Laura (Marjorie Estiano) e Edgar já era tema de inúmeros e-mails para a coluna e comentários de internautas do blog e esquentou nos últimos dias por causa disso. É que quem tem mais de 40 anos lembra da instituição da lei do divórcio, em 1977. Os que têm menos e são minimamente informados sabem que, antes dela, os casais se desquitavam. Para se casarem de novo, havia improvisos na Argentina ou no Uruguai, enfim.
Coautor (com Cláudia Lage), João Ximenes Braga escreveu para cá explicando que, na época da pesquisa para a novela, leu o conto “Entre a missa e o almoço”, de Artur Azevedo, que faz uma menção ao assunto: “Pois sim, mas é o que lhes digo: separaram-se! A Alice está em casa da mãe, na Gávea, e vai tratar quanto antes do divórcio!”. “Foi aí que deu o clique”, diz Ximenes. “Descobrimos que sim, havia divórcio na época, e tratado exatamente por este termo: divórcio. Era bem diferente do divórcio de hoje. Basicamente autorizava o casal a viver em casas separadas. Nós decidimos tratar disso na novela sabendo que era uma informação inusitada para o espectador”.
Inusitada mesmo. Do ponto de vista técnico, não se pode dizer que os autores, amparados por uma pesquisa histórica, estejam errados.
Mas o desconforto que sente o público também se justifica. Trata-se de “divórcio”, mas não tal qual o conhecemos. É questão de relacionar significados e significantes de maneira clara. Para uma novela que buscou atualizar o vocabulário usado por seus personagens, parece um contrassenso.

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