quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

'Lado a lado': Autor explica emprego de Zé Maria no jornal


Muitos leitores escreveram para cá questionando o fato de Zé Maria (Lázaro Ramos), em "Lado a lado", administrar as finanças do jornal de Guerra (Emilio de Mello). Dizem eles que, para exercer essa função, ele teria que ter estudado. Perguntamos para João Ximenes Braga, autor de "Lado a lado" com Claudia Lage, como ele justifica esse emprego. Ele explica:
"Ele não vira contador, essa palavra jamais foi dita no ar, nem por mim. O que é dito é que ele vai administrar as finanças do jornal. O que vai se ver nos próximos capítulos é ele procurando anunciantes, negociando o preço do papel importado, e outras coisas.
Desde que chegamos em 1910, foi dito e repetido várias vezes que Zé se educou muito na Marinha. A essa altura do campeonato, eu esperava que as pessoas já tivessem entendido que não damos um passo sem pesquisa histórica. O Brasil comprou navios na Inglaterra, os marujos aprenderam a ler em inglês, eles receberam treinamento para exercer diferentes funções, e isso foi repetido à exaustão.
As pessoas estão pensando com a cabeça de hoje: que você faz Enem, faculdade, estágio, seleção na empresa. Mas a primeira faculdade de administração no Brasil foi fundada em 1931, 20 anos depois do período em que a novela está. Aliás, a profissão foi regulamentada há menos de 50 anos.
O Bonifácio Vieira (Cassio Gabus Mendes), por exemplo, também não teve qualquer educação formal pra aprender a administrar uma fábrica, ele usou seus conhecimentos como caixeiro de mercearia pra subir na vida. Naquele tempo, era assim, os pioneiros do capitalismo aprendiam fazendo. A cena que foi ao ar na segunda-feira deixa bem claro de onde Zé tirou os conhecimentos necessários para acertar as contas do jornal:
Guerra — Desculpa, Zé Maria... Mas o que você entende disso?
Zé Maria — De jornal, nada. Mas de controlar dinheiro, o suficiente. Por muito tempo, na Marinha, eu trabalhei direto com o oficial encarregado das compras e do estoque. Como ele era preguiçoso, quando viu que eu peguei as manhas, largou tudo na minha mão. (t) E o que tá claro aqui é que você gasta o que não tem. (t) Por que tanta entrevista na Confeitaria Colonial?
Jonas — (pasmo) Guerra, seus jantares com a dona Celinha são às custas do jornal?
Guerra, constrangido, nada responde.
Zé Maria — (decidido, a Guerra) Eu tenho uma proposta. Não tenho nada a perder, nem você. (t) Se eu tirar o jornal do vermelho, ganho uma parte dos lucros. O que você me diz?"

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